Sono e envelhecimento

O sono adequado traz benefícios evidentes para a saúde e o bem-estar geral dos idosos. Existem alterações fisiológicas do sono com o envelhecimento (bioquímicas, neurológicas e comportamentais), que levam a mudanças na duração e na arquitetura do sono, por vezes percebidas como “insônia” por esses indivíduos. No entanto, a ocorrência dos distúrbios de sono nos idosos é mais dependente das comorbidades que eles apresentam, do que da faixa etária em si. A prevalência de doenças sistêmicas (e.g., demência, insuficiência cardíaca, doença do refluxo gastroesofágico) e de doenças relacionadas ao sono (e.g., apneia do sono, movimentos periódicos dos membros) aumentam com a idade e podem trazer consequências negativas para esses indivíduos.

Em termos biológicos e neuroquímicos, tanto a eficácia dos estímulos externos (menor percepção da luz por alterações oculares), como internos (menor produção de melatonina pela glândula pineal) podem ser prejudicadas com o envelhecimento. A alteração do padrão de sono mais percebida pelos indivíduos é a diminuição no tempo total de sono, que costuma ser de 9-10 horas para o adolescente e 7-8 horas em adultos jovens, reduzindo para 6-7 horas nos idosos. Além disso, os idosos apresentam  tendência a aumento de sono superficial que gera uma consequente redução do tempo em sono profundo.

Portanto, a primeira etapa na abordagem ao idoso com essa queixa é a educação a respeito das mudanças normais do sono no envelhecimento. É importante também identificar a queixa de sono do paciente de forma específica e tentar categorizá-la em um dos três grupos principais:

  • Dificuldade de iniciar ou manter o sono (insônia);
  • Sonolência diurna excessiva (hipersonia);
  • Movimentos ou comportamentos anormais no sono (ex: síndrome de pernas inquietas, parassonias)

Os pacientes devem ser questionados quanto à presença de sintomas associados à queixa de sono, que apontem para diagnósticos sistêmicos interferindo na qualidade de sono:

  • Dor (ex: osteoartrose);
  • Parestesias (ex: insuficiência venosa periférica);
  • Tosse (ex: doença pulmonar obstrutiva crônica, doença do refluxo gastroesofágico;
  • Dispneia paroxística noturna/ortopneia (ex: insuficiência cardíaca congestiva);
  • Nictúria (ex: hiperplasia prostática benigna).

Os medicamentos em uso também devem ser revisados cuidadosamente, já que o idoso é mais suscetível à polifarmácia, ao uso de medicamentos inapropriados e aos efeitos colaterais associados a eles, com potencial influência no sono.

Quando investigações complementares são necessárias, a polissonografia é o exame recomendado. As três suspeitas diagnósticas que costumam requerer a solicitação de polissonografia são: (1) distúrbio respiratório do sono, (2) distúrbio de movimento associado ao sono e (3) parassonias.

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