Você consegue ficar em silêncio?

Vários de meus pacientes têm relatado enorme dificuldade de ficar em silencio e no silêncio. Lembro-me de uma em particular que precisava o tempo todo estar com alguém presente, ou pelo menos com algum som por perto, mesmo que fosse o da TV ligada ou de música. Ela não conseguia estar sozinha, em solitude. E estar só, em silêncio e no silêncio para ela era impossível. Ela tinha medo de ouvir os próprios pensamentos, de se ouvir, de se descobrir até.

O barulho a levava para longe de si mesma. Pessoas presentes a desviavam da necessidade de refletir sobre sua existência. Embora essa paciente tivesse questões emocionais mais profundas que a afastavam do silêncio, da pausa, fato é que hoje, constantemente, estamos em meio ao barulho de muitas vozes, opiniões, propagandas, entretenimento, telas, redes sociais, polarizações.

O que não dá espaço para descansarmos a mente, para nos conectarmos consigo mesmos. Estudos mostram que o silêncio é saudável para o cérebro, acalma, alivia o estresse, ajuda no autoconhecimento.

A paciente da qual falei tinha medo patológico de se ouvir, de pensar sobre si mesma e sua vida. De frear sua vida de trabalho extenuante. O excesso de vozes e barulhos era sua fuga. Se você anda sufocado com o barulho ou até sufocando propositalmente em meio a rotina automática das muitas tarefas diárias, se permita pausas e silêncios restauradores. Antes que seu cérebro pare de forma autonômica de defesa, com sinais e sintomas de transtornos psicológicos que podem te levar inclusive a doenças físicas.

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